Etapa do Circuito de Vôlei de praia terminou hoje em Saquarema. Mas atletas não aparecem e fazem protesto
Após o "qualifying" da primeira etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia não acontecer pela primeira vez na história, por falta de duplas inscritas, a chave principal do Aberto começou com polêmica nesta quinta-feira (03/02), em Saquarema. Uma das duplas que aparece na tabela da competição divulgada pela CBV alega que não se inscreveu, porque aderiu ao boicote e não vai aparecer para jogar. Julio Cesar \ Luiz Felipe apareciam enfrentando Murilo \ Fabrício, mas devem perder por W.O.
O protesto foi feito em um post publicado em uma rede social pelo Instituto Evokar, o Centro de Treinamento de Vôlei de Praia onde Julio Cesar e Luiz Felipe treinam.
- Nossos atletas não fizeram, em nenhum momento, inscrição para o que seria a etapa de Saquarema conforme comprovação e seus nomes estão aparecendo na tabela. Ao procurar na sua caixa de email os atletas acharam um email da CBV com a confirmação da dupla, sem sequer terem solicitado a inscrição. Vale ressaltar que é necessário que os atletas para participar, façam a inscrição, confirmem a inscrição, a presença e posteriormente apresentem o exame de Covid para estar apto a participar. Nada disso foi realizado e assim mesmo, os nomes dos atletas constam na tabela - diz publicação.
Apenas 13 duplas femininas e 22 masculinas estão listadas para participar da primeira parada do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia de 2022, em evento que deveria ter começado na quarta (02/02). Descontentes com o novo regulamento, mais de 100 atletas estão boicotando o torneio, que não teve "qualifying" por falta de inscritos. Na última etapa disputada no Rio, no ano passado, participaram 50 duplas masculinas e 52 femininas.
Entre as reclamações está principalmente o "qualifying", que pelo regulamento, teria apenas um set de até 25 pontos na primeira rodada, e melhor de três sets de 15 pontos na segunda. Apenas na terceira fase é que os jogos teriam as regras oficiais do vôlei de praia: três sets de 21 pontos. Até o ano passado, o evento tinha jogos completos.
Duplas que estão começando no vôlei de praia e que têm de pagar suas despesas no torneio viajariam com forte risco de não ficarem nem meia hora na quadra. A CBV alega que não há recursos para fazer um "qualifying" maior, o que demandaria mais quadras, mais árbitros e mais estrutura, ou mais dias, o que também seria um custo.
O regulamento do circuito prevê um quali com 38 duplas inscritas e dois convites, sempre jogado às quartas-feiras. As oito melhores duplas avançariam ao novo "Torneio Open", jogado nas quintas e sextas pelas duplas posicionadas entre o 8º e o 14º lugares do ranking nacional, mais dois convites. Quem vencer o "Open" entra no torneio "Top 8", que teria as sete melhores duplas no ranking. Até o ano passado, havia um torneio único, com 24 duplas, das quais 8 vindas do quali.
Diante do boicote, a etapa de Saquarema já não teve "qualifying". Só seis duplas vão participar do "Open" no feminino, com a campeã avançando ao "Top 8". A CBV ainda não divulgou quais duplas se inscreveram para estar neste evento principal. Em release à imprensa, citou apenas Talita/Rebecca e a dupla Nina/Carol Sallaberry. O ranking que poderia dizer qual a posição delas foi tirado do site da CBV.
No masculino o "Open" terá a participação de 15 duplas, uma a menos do que o previsto. No total, são 22 inscrições, contando as sete duplas que entram direto no "Top 8", que não foram reveladas. Entre os inscritos, que vão disputar o torneio principal, a CBV citou Arthur/Adrielson, Nico /Samuel e Gabriel Zuliani / Mateus Dutra. A dupla Álvaro Filho / Evandro também estaria inscrita, mas o bloqueador machucou o dedo da mão e precisou passar por cirurgia.
O impasse entre CBV e jogadores foi explicada pela comissão de atletas do vôlei de praia, presidida pelo ex-jogador Carlão Arruda, que alegou que a comissão não foi consultada sobre as mudanças no regulamento. Os jogadores dizem que ficaram sabendo das novidades por um release disparado à imprensa em dezembro, inicialmente, não se opuseram, depois registraram por e-mail o interesse em discutir as mudanças, e foram ignorados pela confederação.
Os jogadores reclamam que a CBV tenta passar a ideia deles serem mercenários, alegando que a reclamação é pelo fato de a premiação dos torneios ser menor do que a inicialmente divulgada pela confederação, mas maior do que nos anos anteriores. Na semana passada, diversos jogadores publicaram nas redes sociais uma mensagem dizendo "Não somos mercenários".
"Somos contra o sistema novo que está sendo imposto porque o erro não está no nosso circuito. Precisamos de aumento na premiação e não, a diminuição. Qual atleta novo vai querer investir num esporte que hoje não consegue dar o retorno financeiro? Nossa premiação não pode ser retirada, nosso sistema não pode ser modificado", disseram.
A CBV, porém, rejeita qualquer tipo de mudança no formato já anunciado. "O novo sistema traz emoção, tira os atletas da zona de conforto sem tirar a possibilidade de atletas excepcionais ascenderem no ranking. Toda mudança pode causar desconforto no começo, o vôlei inclusive já passou por várias e importantes alterações de formato e regras", disse, em texto enviado pela assessoria de imprensa da CBV, o gerente de vôlei de praia Guilherme Marques, ex-jogador, que vem sendo apontado pelos atletas como responsável pelas mudanças criticadas.
Fonte: GE.globo.com
Imagens: PAULO VEIGA,
FRANCISCO MONTEIRO.
Produção: CAROL OLIVEIRA.
Editora de Texto: ELIANE TIA BARBIE.
Reportagem: WALYSON VASCONCELLOS.
Comentários
Postar um comentário