Polícia Civil abre Inquérito contra pastora que pediu que fiéis parassem de postar "coisa de gente preta" e "de gay"
A pastora de uma igreja evangélica de Nova Friburgo, na Região Serrana, é investigada por discriminação racial e homofobia, após a repercussão de uma pregação, na qual ela pede para que os fiéis parem de postar "coisa de gente preta" e "de gay".
No discurso, que foi filmado e compartilhado nas redes sociais nesta segunda-feira (02/08), Karla Cordeiro, conhecida como Kakau, da Igreja Sara Nossa Terra, diz que é um absurdo cristãos levantarem bandeiras de grupos ativistas negros e LGBTQIA+. A Polícia Civil abriu um inquérito depois de analisar o discurso de Kakau.
Se condenada, a pastora pode pegar de três a cinco anos de prisão pelo crime de intolerância qualificada. O Delegado Titular da 151ª DP, Henrique Pessoa afirma que ela deve ser indiciada nos próximos dias. "De tal modo que já foi instaurado Inquérito Policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF", disse o Delegado.
Karla Cordeiro deve ser ouvida pela Polícia Civil ainda nesta quinta-feira (05/08). Ela chegou a publicar o vídeo em seu perfil no Instagram, mas a página saiu do ar.
Em nota, a pastora pediu desculpas pelos termos usados e disse que não possui nenhum tipo de preconceito contra pessoas de outras raças ou orientações sexuais, e que a intenção era a de afirmar a necessidade de se focar em Jesus Cristo.
Já a Igreja Sara Nossa Terra disse que não irá se pronunciar.
O compartilhamento feito pelo ex-deputado estadual Wanderson Nogueira já teve mais de 18 mil visualizações e centenas de comentários com críticas ao discurso.
"Tenho certeza que esse não é o pensamento cristão. Machuca ouvir", disse o político em sua postagem.
A vereadora de Nova Friburgo, Maiara Felício, se manifestou em seus stories no Instagram. "Um vídeo extremamente intolerante, dentro de uma instituição religiosa (...) A gente quer fazer um movimento gigante para mostrar que em Nova Friburgo a intolerância não vai reinar", afirmou a vereadora.
O Coletivo Negro de Nova Friburgo também divulgou nota repudiando a atitude.
"Nós do Coletivo Negro Lélia Gonzalez NF denunciamos, condenamos e repudiamos qualquer forma de discriminação contra a classe trabalhadora e realizada pela mesma reproduzindo a lógica da classe dominante que é racista, facista, lgbtfobica, eugenista, branca, heteronormativa, patrimonialista, patriarcal, branca, lascivos e cristãos. Não podemos dizer que todos os cristãos têm comportamento e postura, como esta pessoa, porém não podemos ignorar que ela está expressando a hegemonia dominante. Não devemos naturalizar tais posturas, declarações sem que os órgãos tomem devidas medidas, embora estes órgãos expressam interesses da classe dominante. Quando ela faz este ataque, e a todos que defendem o direito da classe trabalhadora, que são majoritariamente negras, quando ela de forma superior concorda com a morte da juventude negra, desaparecimento de nossas crianças, e naturaliza feminicídio, incidentes com as mulheres negras trans e cia, ela naturaliza o primeiro lugar de morte de mulheres trans e travestis e nosso encarceramento em massa nas senzalas modernas. Racistas, genocidas, eugenista, Lgbtfóbicos exploradores não passarão! Por uma sociedade onde a diversidade não seja instrumento de dominação e exploração".
É por conta de palavras e atitudes como a desta mulher, que se diz "pastora", que eu acredito que todas as igrejas devam pregar o amor e igualdade a todos. É por isso, que muitas pessoas morrem, sofrem violência todos os dias nas ruas. E que, às vezes, ficam com problemas de se socializar entre as pessoas, com medo do que pode acontecer com elas. O racismo precisa ser extinto! Esse preconceito à cor de alguém, não deveria nem existir. Somos um só povo, uma mesma nação e somos diferentes; cada um gosta de uma coisa ou de alguém. E se, alguém é LGBTQIA+, por que isso a incomoda tanto? Precisamos ser mais humanos com as pessoas e deixar essa hierarquia preconceituosa de lado; são os novos tempos, mas com as mesmas lutas. O respeito não é questão de opinião, é justiça.
Fonte: g1.globo.com
Editora de Texto: ELIANE TIA BARBIE.
Reportagem: WALYSON VASCONCELLOS.
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